sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Necessidade


Preciso de uma distração,
de uma emoção,
de uma verdade.

Preciso tirar de mim,
em uma canção,
toda essa saudade.

Preciso recriar o amor,
mergulhar na dor,
na profundidade.

Re-significar assim
toda a intenção
de uma nova realidade.

Preciso abrigar-te em mim
como forma de abstração,
percepção, necessidade.

Preciso me plantar,
semear, me (a)colher.

Preciso, enfim, me refazer,
deixar arrebater, (des)ordenar.

Parar de me culpar, de me julgar.
Tirar isso do meu peito e me libertar.

domingo, 18 de setembro de 2011

Cortejo

me escreva uma canção, me escreva um poema, me escreva em você
faz de mim um monumento, me guarde sob seu olhar sereno
me tire o ar
me desenhe numa pétala
não aceite nunca as minhas regras, mas não me deixe jamais
não te quero assim, te quero pra mim
outra hora já não te quero mais
me tome o fôlego, me tome no gozo
me faça sonhar com tua boca carmim
me tire o chão, me dá tua mão
seja a hora que for
roube um raio de sol
uma canção em Mi maior
me cante com paixão
encante o meu ser
que há muito tempo já não sabe o que faz
porque eu durmo todo dia achando que já não te amo
mas acordo todos os dias te amando mais

sábado, 2 de julho de 2011

Olhos meus.

Eu trago uma constelação em mim...
Minhas órbitas, tão sagradas.
Leio mundos.
Universos.
Seja qual for o lugar...
Cama, cadeira, chão, mesa... eu não nego.
Ops! Chorei um verso!

Só de te olhar.

É só de te olhar que me dá esse medo.
É um hábito, quase um vício.
Meu segredo mais secreto.
Um pedaço de um mistério
Que eu nem sei se quero desvendar.
É só de te olhar.
E isso atrai meu desejo...
São tantos, tão loucos!
Com os quais ainda não sei lidar...
Eu tiro a minha mão do bolso e mostro um anel.
Te peço pra mim.
Te escrevo meu amor num guardanapo de papel.
Eu tiro a minha mão do bolso e te dou esse anel.
Você tira da sua cartola uma tela e um pincel.
E pinta em mim, como tatuagem...
Seu plano, você e tudo como há de ser.
E eu devoro esse fruto proibido.
Abandono Elvis e meus livros.
Entro num processo de catarse.
Em vão não me entregar.
Livrar-me desse vício é mais difícil do que livrar-se do seu hábito, um cristão.
Esse vício que é só de te olhar...
Que me dá esse medo.
Medo de deixar de te amar.

No colo da solidão.

Estou optando pela solidão.
Apenas hoje eu quero ouvir meus pensamentos.
O batimento suave que reverbera em meu coração.
Ouvir seus sussurros.
Estou optando pela solidão.
Apenas pela falta de algo melhor.
Ou pela falta que essa solidão me faz.
Estou optando pela solidão.
Apenas porque não me encaixo na multidão.
Seus passos, gritos, falácias.
Estou optando pela solidão.
Apenas porque não foi parte da minha educação aprender a confiar.
E eu não confio.
Me distancio.
Me socorro nela.
Em mim.
A solidão sustenta meus dias.
Necessito dela, assim como ar.
Sendo assim...
É na solidão que eu justifico o meu direito de sonhar

Simbioses de mim.

Eu vivo das promessas que fiz para mim mesma.
Dos semblantes de felicidade diante do espelho.
De instantes inconstantes de certeza.
Tão efêmeros. Tão perdidos.
Eu tenho tantos sonhos...
E eles pulsam.
No ritmo descompassado do meu coração.
Tão atentos. Tão sedentos.
Eles brotam no istmo de esperança de que um dia deixarão de ser sonhos.
Serão algo maior.
Serão algo fora de mim.
Minha continuidade.
Prolongamentos do meu ser.
Ainda que tardiamente...
Assim são os meus sonhos e minhas promessas.
São como duas gravidezes sem fim.
Simbioses de mim.
Nos alimentamos sadiamente...
Até a hora de parir.
Ou, talvez, até a hora de partir.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Prece

Eu quero um remédio, um desejo, um veneno
Eu quero tempo.
Eu quero um trago, um cigarro, um compasso
Eu quero espaço.
Eu quero um filho, um amigo, um sorriso
Eu quero um lapso de felicidade que dure a vida inteira.
Eu quero hoje, amanhã e depois.
O ontem já foi.
Já é.
Eu quero um lápis, um papel, uma canção
Eu quero te doar meu coração.
Eu quero sacrificar minhas ordens, meu gêneros, minhas espécies
Eu quero sentimentalizar minhas noites...
Meu dias.
Eu quero destraçar a minha jornada.
Eu quero caminhar torto por linhas tortas.
Eu quero andar sozinha...
Comigo mesma.
Eu quero escolher alguém pra me acompanhar.
Eu te quero um tanto, nem tanto, nem tão pouco...
Eu quero ser uma oração para os seus ouvidos.
Eu quero ser seu perigo.
Eu quero você comigo.

Eu te escolhi pra mim.
Que assim seja a minha prece.
Amém.