sábado, 2 de julho de 2011

Olhos meus.

Eu trago uma constelação em mim...
Minhas órbitas, tão sagradas.
Leio mundos.
Universos.
Seja qual for o lugar...
Cama, cadeira, chão, mesa... eu não nego.
Ops! Chorei um verso!

Só de te olhar.

É só de te olhar que me dá esse medo.
É um hábito, quase um vício.
Meu segredo mais secreto.
Um pedaço de um mistério
Que eu nem sei se quero desvendar.
É só de te olhar.
E isso atrai meu desejo...
São tantos, tão loucos!
Com os quais ainda não sei lidar...
Eu tiro a minha mão do bolso e mostro um anel.
Te peço pra mim.
Te escrevo meu amor num guardanapo de papel.
Eu tiro a minha mão do bolso e te dou esse anel.
Você tira da sua cartola uma tela e um pincel.
E pinta em mim, como tatuagem...
Seu plano, você e tudo como há de ser.
E eu devoro esse fruto proibido.
Abandono Elvis e meus livros.
Entro num processo de catarse.
Em vão não me entregar.
Livrar-me desse vício é mais difícil do que livrar-se do seu hábito, um cristão.
Esse vício que é só de te olhar...
Que me dá esse medo.
Medo de deixar de te amar.

No colo da solidão.

Estou optando pela solidão.
Apenas hoje eu quero ouvir meus pensamentos.
O batimento suave que reverbera em meu coração.
Ouvir seus sussurros.
Estou optando pela solidão.
Apenas pela falta de algo melhor.
Ou pela falta que essa solidão me faz.
Estou optando pela solidão.
Apenas porque não me encaixo na multidão.
Seus passos, gritos, falácias.
Estou optando pela solidão.
Apenas porque não foi parte da minha educação aprender a confiar.
E eu não confio.
Me distancio.
Me socorro nela.
Em mim.
A solidão sustenta meus dias.
Necessito dela, assim como ar.
Sendo assim...
É na solidão que eu justifico o meu direito de sonhar

Simbioses de mim.

Eu vivo das promessas que fiz para mim mesma.
Dos semblantes de felicidade diante do espelho.
De instantes inconstantes de certeza.
Tão efêmeros. Tão perdidos.
Eu tenho tantos sonhos...
E eles pulsam.
No ritmo descompassado do meu coração.
Tão atentos. Tão sedentos.
Eles brotam no istmo de esperança de que um dia deixarão de ser sonhos.
Serão algo maior.
Serão algo fora de mim.
Minha continuidade.
Prolongamentos do meu ser.
Ainda que tardiamente...
Assim são os meus sonhos e minhas promessas.
São como duas gravidezes sem fim.
Simbioses de mim.
Nos alimentamos sadiamente...
Até a hora de parir.
Ou, talvez, até a hora de partir.