segunda-feira, 30 de agosto de 2010

De-cadência.

Amparo, Reparo, Disparo, Não Paro.
Não rego essas flores senão com minhas lágrimas.
Todas banidas de mim.
E ainda é no reino dos meus sonhos que você permanece.
Brota de todos os lados como erva daninha.
Tento tirar você de mim.
De nós.
Desmistificar essa saudade.
Eu tenho fome de presença.
E isso não para. Não Paro.
Eu, apostando nessa indecência.
Me torno uma cadência de outono.

domingo, 8 de agosto de 2010

Vício

Qual vício maior que a paixão? Sentir-se vivo.
Heroína, nicotina, benzina.
Lucy in the Sky with Diamonds.
Desconectar-se da razão.
O verdadeiro elogio à loucura é estar apaixonado.
Saber-se no outro.
Sentir-se embalado na respiração contida e descontínua.
Pulsar nas modulações indiscretas das palavras.
Ter o futuro decifrado pela clarividência egocêntrica de duas crianças.
Ser bicho na indignação.
Ser colo e silêncio na dor.
Corpo, fogo, saturno...
Tudo junto. Misturado.
Borbulhar no acaso complacente.
Inquietação na descoberta de não ser um só.
Uma comédia de incertezas. Todas frágeis em essência.
Moléstia mais cotidiana não há. Pois como bom vício, destrói o corpo, domina o pensamento e envenena a alma.
Ai de mim! Qual o vício maior que a paixão?
Ferozmente reverbero enquanto padeço irrequieta nesse mistério.

Um trago de saudade.

Te trago em mim como um vício.
Absorto entre potes de compaixão e dor.
Trânsito estagnado. Parasita.
Estou aprendendo a olhar você.
Nem vilão, nem outro papel qualquer banal.
Você vai e ainda fica.
Fico impregnada dessa impressão.
Essa cicatriz quase etérea.
Ilusão de ótica.
Ilusão e ótica.
Foi o que tinha que ser.
Entre a violência do teu silêncio.
Minhas poucas palavras. Vazias.
E quantas coisas elas tentam dizer e não dizem.
Sorvo tua imensa falta em goles de saudade.