sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Camisa-de-força

Eu me visto de você
Pra te ter por perto.
Teu cheiro.
Todas as lembranças.
A praia, a lua, dias de sol.
Tudo parece tão certo.
E eu não pareço tão só daqui de dentro.
Eu me preencho de você.
Eu vivo sem te ter.
Mas não quero.
Não por hora.
Às vezes faz sentido não ter razão...

Ao meu lado. Do outro lado.

Eu não sei o que é isso.
Ignoro essa distância quase dantesca
Num ímpeto desesperado de presença.
Toma posse de tudo ao meu redor
Mesmo não estando ali.
Distância árida.

Corporifica a ausência.
Ao meu lado. Do outro lado.
Dispara o gatilho dessa saudade.
Mil por hora.
Anos-luz.
Aqui do lado...
Tudo luz.
Tudo claro.
Tudo certo.
Tudo meu.
Distraída do que me resta.
Eu quero mais!
Agora.
Acabou a hora...
Eu vou. E dói.
O que é isso?
“Enguiço misturado com feitiço”

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Seu presente

A todo o momento eu tento encontrar significados.
Entender o que está escrito nas entrelinhas.
Te ler desnudo.
Desordenado.
Organizado nas suas peculiaridades infinitas.
Sonho com você mesmo quando não quero.
E eu te quero muito.
Tanto que não cabe em palavras.
Não cabe em mim.
Te guardo na minha pouca alma.
E talvez você fique. E pra sempre.
Ou não.
Por hora, só posso, espontaneamente, doar-me a você.
Um presente. Quem sabe, o único que era meu e hoje não é mais...

Guarde-me junto ao seu peito.
Pois você fez de mim o que eu sou.
E eu sou sua.